Vale Tudo: 36 anos de uma trilha sonora perfeita
Começo este texto com uma observação importante em relação à novela Vale Tudo. Ao que tudo indica a novela terá uma nova versão, mais afinada com nossos dias atuais., um "remake" que em muito muito breve irá ao ar pela Globo no mesmo horário que a versão original de 1988.
Diante disso, gostaria de abordar um assunto que provávelmente virá muito a tona quando o remake for ao ar: a trilha sonora, já que recentemente consegui adiquirir a trilha Nacional.
No cinema por exemplo, vemos vários casos em que a trilha sonora e filme combinam perfeitamente e dão ao público a emoção na medida certa e enriquece a trama de modo que o público não consegue separar uma coisa da outra.
Este também é o caso de inúmeras novelas produzidas no mundo inteiro, inclusive aqui no Brasil.
As trilhas sonoras geralmente são escolhidas por um produtor musical que seleciona as músicas a partir da sinopse que recebe do autor a novela.
A sinopse nada mais é do que um texto que diz como será a estória contada. Assunto, perfil de personagens, ambiente da estória (lugares). Uma espécie de "rascunho".
Para mim, uma das tramas mais perfeitas em todos os sentidos é Vale Tudo de 1988, autoria de Gilberto Braga (IM), Agnaldo Silva e Leonor Basserès (IM)
E, não só a trama mas também a trilha sonora.
Vejam o porque nesta breve reflexão que fiz quando ouvi o LP "Nacional" pela primeira vez por inteiro e não somente trechinhos que são tocados na novela.
Começando por "Brasil", composta por de Cazuza e cantada por Gal Costa, tema de abertura da novela: Se pegarmos a letra descobriremos que se trata de uma metáfora/protesto que descreve um pouco do "jeitinho brasileiro". Não por acaso, isso vêm de encontro com o enredo principal que resume - se numa pergunta: vale tudo para se dar bem na vida?
Olha só que título perfeito!
"Tá Combinado", tema dos amantes Maria de Fátima (Glória Pires) e César Ribeiro (Carlos Alberto Ricelli) cantada por Maria Bethânia mostrava bem a trama deles.
Fátima e Cesar formavam um casal de amantes que, além de apaixonados, se uniram para dar um grande golpe no milionário Afonso Almeida Roitiman (Cássio Gabus Mendes). Sem contar a linda e elegante música instrumental "Sem Destino" de Leo Gandelman, ilustrando as paisagens noturnas ou a luxuosa vida dos Roitiman, principalmente em momentos festivos.
Avançando mais um pouco na trilha vemos a música ´"É", de Gonzaguinha que embala uma edição de imagens muito bonita e bem feita de cotidiano gravado para cortes de cena. Esse cotidiano mostra pessoas caminhando por vários pontos do Rio de Janeiro.
Partindo para a trilha internacional que foi um pouco menos utilizada na novela encontramos "Baby can I Hold you?", tema romântico do casal Raquel Acyoli (Regina Duarte) e Ivan Meirelles (Antônio Fagundes). "Isto Aqui é o que é" de Ary Barroso cantada por Caetano Veloso é usada na primeira cena em que Raquel Acyoli anda pela praia de Copacabana com um cesto de sanduíches naturais para vender e assim conseguir sustento no Rio de Janeiro já que a personagem é recém chegada àquela cidade.
E vez por outra esta canção acompanha Raquel em suas cenas na praia e em outras que sugerem luta e superação, coisas muito específicas. Ou é tocada ao piano numa gravação que não tem no disco quando a personagem sofre.
Claro que não ilustrei aqui todas as músicas porque quis exemplificar o que vinha à mente cada vez que ouvi as músicas. Memórias afetivas de muitos anos com a novela.
O texto foi propositalmente escrito ao som da trilha sonora de Vale Tudo (Internacional e Nacional). Neste momento em que quase coloco ponto final, o som do saxofone de Leo Gandelman invade meus ouvidos, meu computador, meu quarto.
Elegante, belo e simples completando uma trilha eterna e meu despretensioso texto.
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