Viva o Rádio!




 
Hoje quero falar sobre um meio de comunicação que não só eu mas muitos brasileiros de diversas épocas, classes sociais e religiões usam ao longo do tempo para entretenimento e informação. Um meio de comunicação que chegou no Brasil há exatos 98 anos e que está presente não só nos lares mas na vida das pessoas: O rádio. 
Antes da televisão e da internet, era através do rádio que sabíamos das notícias, ouvíamos música e até novelas! Isso mesmo, novelas. 
Aliás aqui mesmo neste blog cheguei a escrever sobre a experiência de ouvir uma rádio novela (Quando ouvi uma rádio novela pela primeira vez).
Quem me conhece sabe muito bem que amo assistir televisão e que não troco a TV facilmente por um streaming por mais bacana que seja o entretenimento que ele transmita. Divido o "ato de assistir" entre esses dois meios. Sou muito eclética quando o assunto é esse.
Um fato sobre mim sempre causou estranheza não só entre familiares mas também entre amigos e pessoas que me conhecem: ouço rádio, e muito. Para me informar e me divertir. Não tenho a menor paciência com noticiários pela TV, não importa a emissora. Todos são longos demais, maçantes e lentos e existem alguns onde a guerra por audiência vale muito mais do que a informação em si. Ou ainda, aqueles em cuja a única "notícia boa" é o cumprimento formal do jornalista que apresenta: bom dia, boa tarde ou boa noite. De resto, só tragédia, violência, e enchentes buscando quem consegue a maior audiência com a "informação exclusiva".
Acompanhar os jogos do Corinthians é um hábito que tenho desde muito pequena. Com as imagens da TV às vezes fico muito nervosa porque o gol não sai, porque o árbitro demora a decidir um lance, etc. Já no rádio, não tenho as imagens mas eu tenho a mesma emoção e consigo ficar mais calma porque parece que o tempo passa mais rápido. 
Aquele ditado: "O que os olhos não vêm, o coração não sente" funciona perfeitamente para mim quando ouço um jogo ou um noticiário pelo rádio. 
No caso do noticiário, hoje em dia com a internet, não só escolho a notícia que quero ler como também a ordem de leitura. 
No rádio eu não posso escolher a ordem das notícias mas eu não me irrito porque não dá tempo. 
As notícias parecem ser dadas mais rápido, o ritmo é mais dinâmico e por vezes são repetidas para uma audiência que é rotativa, que tem pressa. Uma rotatividade que a TV ainda não tem. 
Uma curiosidade de bastidores para vocês: No instante em que iniciei este texto, estava ouvindo rádio. Um programa com notícias diretamente dos Estados Unidos (em português feito por um locutor brasileiro) e o estúdio da rádio aqui no Brasil, em São Paulo com outra locutora. Parecia até que ambos estavam juntos no mesmo lugar. Tudo por conta da ótima qualidade da transmissão digital, usando recursos super modernos para tudo ficar perfeito.
Consigo ficar bem informada e sem estresse. Outra vantagem do rádio em relação à TV é que ele vai com você onde quer que o leve além do que você pode ligar o rádio enquanto trabalha, estuda ou faz alguma tarefa que requer muita atenção. E não perde a hora porque todas as rádios te informam a hora certa de tempos em tempos. 
Você com certeza deve estar com seu celular aí perto. Pegue e olhe se entre os aplicativos de fábrica você vê o desenho de um rádio ou algo que lembre o rádio. 
Desde 2017 todos os modelos de celulares e smartphones devem vir com um aplicativo de rádio que não requer dados de internet nem é cobrado mensalidade. Tudo que você precisa ter para usar esse aplicativo é o fone de ouvido que já vem com seu telefone que é usado não só para ouvir mas também  como antena para sintonizar as estações. Isso facilita o acesso à informação e cultura para todos. Uso bastante quando saio. Alguns smartphones do Brasil tem também a TV digital mas não é um recurso obrigatório como o rádio.
Eu também tenho minhas histórias com esse meio de comunicação tão popular. 
Sempre morei com minha mãe, tias e avós. Quando pequena, minha avó ligava o rádio da cozinha durante seus afazeres e eu escutava a rádio Globo AM meio que por tabela. Aos sábados principalmente, na mesma rádio, era com meu avô que eu ouvia jogos de futebol, principalmente do Corinthians.
 Locutores como Eli Correia, Paulo Barboza, Gil Gomes, Paulo Lopes, Osmar Santos, Oscar Ulisses eram constantes em nossa casa. Depois veio a fase adolescente com a Rádio Cidade, o clássico Love Songs e a música pulsante dos anos 1980 em português e inglês também. E o programa do Gugu na Rádio Capital e Rádio América. Ligeirinho, numa rádio que eu não me lembro mais  Depois vieram a Band FM e a Transamérica novamente com os esportes, a Imprensa FM com programa esportivo que focava o dia a dia de vários times. O Coração Corinthiano era às terças com os locutores Dante e Chapelen. E para completar, dois programas dedicados à música de Roberto Carlos, sendo que um desses era apresentado pelo filho do cantor, Dudu Braga, todos os dias às cinco da manhã. Haja despertador!




Voltando a falar de esportes, em 2007 quando houve o rebaixamento do Corinthians, era fato que não haveria transmissões do campeonato da série B. Só uma TV aberta com uma audiência irrisória. É claro que eu não me importei com isso, afinal tinha o rádio e a Rádio Transamérica que transmitiu toda a segunda divisão no ano seguinte. 
Eu tinha ido ao mercadinho perto de casa. Parei por um instante para ler manchetes e conversar com o jornaleiro que ficava em frente ao mercadinho. Conversamos brevemente, amenidades sobre nosso time. Aí notei um radinho de pilha com o escudo do Corinthians. Perguntei se era dele e quando descobri que estava à venda, comprei na hora, ele custou R$ 20,00. Era o dinheiro que eu tinha na carteira. Vinha até com pilhas. Ouvi jogo a jogo da Série B e de outros campeonatos.
O radinho deu sorte para meu Corinthians. "Ganhou" até uma Libertadores invicta, a de 2012. Foi indescritível.




Preciso recolocar a antena nele. Quebrou. Mas está aqui guardado de lembrança. 
Meu primeiro contato com a Bandnews foi em 2006 quando Daniel Craig foi escolhido para substituir Pierce Brosnan no papel de James Bond. Fui entrevistada por volta de umas cinco da tarde. Infelizmente não deu tempo de gravar. Era entrevista ao vivo por telefone fixo. 
 Não ouvi mais a rádio até que vieram  as eleições presidenciais em 2010. No dia eu saí com minha família naquela ocasião e eu fui ouvindo rádio. Não sei porque raios eu lembrei da Bandnews, sintonizei nos 96,9, ouvia e passava a parciais da boca de urna e contagem dos votos para todos no carro. Para nós tanto fazia o resultado, só queríamos saber quem ganharia a eleição.  
A partir daí comecei a ouvir a Bandnews. Gostei do jeito da rádio. Me fazia lembrar a Rádio Gaúcha de Porto Alegre que eu ouvia aos sábados pela internet. Até hoje eu ouço. A Bandnews me faz companhia durante minhas manhãs enquanto tomo meu café da manhã e cuido do meu gato de estimação. 
Um dia eu quase quebrei a louça do café porque o jornalista Ricardo Boechat, bravo com um político, disse um palavrão no ar no calor da raiva às oito da manhã! 
Fui ao lançamento do livro em homenagem ao Boechat ano passado, escrito por Eduardo Barão e Pablo Fernandez, contei a ambos essa história e eles caíram na gargalhada. 





Quando a televisão veio para o Brasil em 1950, diziam que o rádio estava morto. Eu, que sou fã de televisão também nunca acreditei nisso. Até porque vieram depois a internet, o streaming com conteúdos similares à TV, streaming de música e até de audiolivro e podcast (um novo formato semelhante ao rádio) mas ele, o rádio continua e continuará firme e forte informando, divertindo e sendo "companhia" para muitas pessoas incorporando toda a tecnologia que foi ou será inventada como um viajante do tempo. Parabéns à todos nós ouvintes e para os profissionais do rádio que com suas vozes contarão os fatos dos próximos 98 anos. 








Dedicado à todos os locutores e à todas as rádios que eu ouvi ao longo da vida. 






















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