Parabéns Roberto Carlos: 80 anos de muitas Emoções


 Se alguém me perguntar quando eu comecei a gostar de Roberto Carlos, a resposta para esta pergunta eu vou ficar sempre devendo porque não sei. 
Estou prestes a fazer mais um aniversário em maio próximo e, ao longo dos meus quase 46 anos de vida, creio que há pelo  menos uns 42 sou fã fã do Rei. 
Desde muito criança eu sempre pedia para minha mãe colocar o "disco laranja" (cor do selo da extinta gravadora CBS Discos) e, mesmo sem entender as letras das canções pois eu mal falava direito, eu gostava de ouvir aquela voz cantar, calma e suave. 
Aquelas músicas me traziam uma sensação que não sabia o que era. Só sabia que era boa, que me deixava feliz. 
Definitivamente Roberto Carlos é a trilha da minha vida toda. Sempre que um momento envolve música, ele está presente de alguma forma. 
Todos os anos, desde que me entendo por gente, assisto aos especiais de fim de ano na Globo. Até hoje não perdi nenhum especial, mesmo as reprises. Creio que o primeiro que vi foi um que ele aparecia vestido como Carlitos em 1982, há 38 anos atrás. É uma das primeiras imagens dele que eu me lembro. 
Assistir ao especial do Rei era uma das pouquíssimas ocasiões na minha casa em que duas gerações diferentes assistem juntas algo tradicional há tantos anos na TV., sem contar Silvio Santos (que hoje em dia ainda assisto porém com menos frequência) e o hábito de ver novelas que ainda conservo.
As canções de Roberto Carlos passaram de mãe para filha.
Minha época preferida é a década de 1970, aquela fase romântica. 
Tenho até hoje os LPs Detalhes (1971) e À Distância (1972) que eu soube há pouco mais de 10 anos que pertenciam à minha mãe. 
Aqui cabe uma explicação: a maioria dos discos de vinil que tenho foram deixadas por meus tios quando eles casavam, deixaram para que eu pudesse ter música para ouvir na vitrola. Não sei exatamente qual disco pertenceu a quem.
Tenho também alguns LPs que que comprei, também alguns CDs, EPs e dois boxes da coleção Pra Sempre (1960, 1970)
Já fui a três shows de Roberto Carlos mas nunca cheguei perto dele. Aliás é um desejo que está difícil de ser realizado devido ao momento atual mas que não acho impossível porque tenho fé que logo tudo vai passar e também pelo fato de tanto o Rei quanto eu estamos vivos. E, enquanto for assim, tenho chance. 
Uma vez ganhei uma pétala de rosa dessas que ele joga para a plateia no final de cada show. Quem trouxe para mim foi uma amiga da família que tinha ido a um show no Ibirapuera para o qual eu, por ter, sei lá, uns 9 ou 10 anos não fui convidada a ir mas que fiz a pessoa prometer uma pétala daquela rosa tão cobiçada. Dito e feito: dias depois do show, a pessoa foi à minha casa levar a minha pétala. 
Foi emocionante e especial como se o próprio Roberto a tivesse trazido pois a pessoa disse que aquela pétala tinha sido beijada por ele, gesto que faz repetidas vezes a cada rosa que joga. Ele sempre beija as rosas antes de jogar e, algumas, entrega em mãos quando é possível.
Fiquei com esta pétala guardada na carteira por uns dez, quinze anos acho, dentro de um saquinho fechado e claro que ela virou pó com o tempo mas nunca perdeu o valor sentimental para mim. Sempre soube.
Aconteceu que um ladrão roubou minha carteira sem que eu percebesse. E tudo se foi: a carteira novinha que tinha o personagem Tweety (Piu Piu) e o conteúdo: dinheiro, documentos, santinhos e... a rosa do Roberto. Carlos, a perda mais dolorida e irrecuperável em todos os sentidos pois dinheiro você tem chance de ganhar novamente, documentos tira - se a segunda via mas o mesmo não acontece com objetos de valor sentimental. Quando me lembrei que a rosa (ou o que restava dela) também estava na carteira, aí é que debulhei em lágrimas em pleno metrô da Sé chamando a atenção das pessoas e de minha mãe que estava comigo na ocasião. Nunca recuperei nada. 
Tenho várias histórias pessoais envolvendo as músicas do Roberto Carlos. Aliás, que brasileiro não tem uma história pra contar com esse cara de enorme sucesso? Separei duas pra vocês. A primeira é do ano de 1995. 
Após 20 anos, por circunstâncias do destino que que não vêm ao caso, mudei da casa onde morava desde meus 3 anos de volta para a primeira casa que morei quando nasci. 
No primeiro domingo que passei na nova casa, liguei o rádio para ouvir um programa que só tocava Roberto Carlos na Transcontinental FM e a primeira música que tocou tinha tudo a ver com o que eu estava vivendo naquele momento: O Portão.
A segunda história é de 1996.
Eu usei óculos durante muitos anos por conta da miopia. Me achava muito feia de óculos tanto que só usava na escola. Aquela coisa de baixo estima de adolescente prestes a entrar na idade adulta sem razão. Mas aí uma música do Rei mudou isso. A música O Charme de Seus Óculos veio como um "apelo" do cantor que eu mais gosto como que dizendo que eu era bonita de qualquer jeito. 

"Gosto desse jeito discreto, especial
Por trás desses óculos, que coisa mais sensual
Ar de executiva, às vezes, formal
Beleza com um toque sexy e intelectual
Seus óculos combinam até com seu cabelo
Eu, sinceramente gosto de qualquer modelo
Na verdade, em você tudo fica bem
Mas o charme desses óculos quem usa é que tem
Não tire esses óculos
Use e abuse dos óculos
Não tire esses óculos
Use e abuse dos óculos..." (O Charme dos Seus Óculos - música de Roberto Carlos - 1995)

O filho dele, Dudu Braga, tinha um programa que só tocava músicas do Roberto Carlos chamado "As Canções que Você Fez pra Mim" que também era o nome de um quadro onde os ouvintes contavam por telefone suas histórias com as canções do Rei. na Rádio Nativa FM SP. Eu consegui ligar na rádio e contar essa história no programa e ainda conversei com Dudu Braga sobre problemas de visão e uso de óculos. Foi muito divertido. E depois da minha história, a música tocou. 
Meu oftalmologista também soube dessa história e riu muito.







Em 2010, quando Roberto Carlos fez 50 anos de carreira, o Parque do Ibirapuera fez uma exposição interativa e bem completa com vários objetos pessoais, vídeos e um karaokê gigante temático onde você podia escolher como brincar com as músicas do Rei: ou cantar continuando a letra de onde parou ou adivinhar o título de uma música a partir de pistas. Tinha a réplica do iate Lady Laura, um espaço com a representação das rosas vermelhas, um lugar onde você podia "tocar o rosto" do Roberto Carlos (segunda foto), além de um grande loundge todo branco com caixas acústicas onde tocavam músicas românticas dele e as pessoas podiam ficar deitadas em grandes almofadas brancas apenas relaxando. Casais se abraçavam no embalo daquele lugar e assim permaneciam como se mais nada existisse. Haviam também as áreas em que prêmios, homenagens dos mais diversos tipos além de cartinhas e presentes de fãs estavam expostos. Fui duas vezes. 

Neste mesmo 2010, ele fez uma turnê de comemoração com um show especialmente feito para a ocasião, começando, naturalmente, por Cachoeiro do Itapemirim - ES, sua terra natal percorreu todo o Brasil e alguns países do mundo,
Fui com minha mãe para o show no Corinthians, sem imaginar que este seria o último show do Roberto que eu veria com ela que, através dos "discos laranja", me apresentou Roberto Carlos e sua música. Ficaram as lembranças e a saudade de alguém que amo e não volta mais. 
Na saída desse show, conversamos com um casal que conseguiu pegar a rosa do Roberto porque eu fiz questão de cumprimenta - los e minha mãe contou para eles a história da minha pétala roubada. Comovido, o casal cedeu duas pétalas da rosa que eles pegaram. Eu estava agradecida porém morrendo de vergonha porque a intenção nunca foi pedir a pétala porque sei o quanto é difícil conseguir a rosa. 
Teve uma vez um amigo assistiu a um show do Roberto Carlos no Gigante da Beira Rio no Rio Grande do Sul e ligou no meu celular para eu ouvir Roberto Carlos cantando. As lágrimas escorreram sem parar e o coração acelerou, foi uma emoção inesquecível. 
Houve também uma situação muito engraçada em 2008, numa livraria em São Paulo. 
Eu estava com amigos num evento  para fãs de James Bond 007, o centenário do escritor Ian Fleming, criador do personagem. Era a primeira vez que eu ia falar em público e estava nervosa. O rapaz que ia falar antes de mim resolveu brincar pra que eu desse um pouco de risada e ficasse mais calma. Ele pegou o microfone e começou a imitar o Roberto Carlos com aquela frase "Que prazer rever você" e começou a cantar um pedacinho de  Emoções olhando na minha direção, imitando a postura e a voz do Rei, um excelente imitador, devo dizer porque ele sabia que eu sou fã do Roberto. 
Depois pegou um dos cravos vermelhos que decoravam a mesa do palco, beijou e jogou delicadamente no meu colo. Ri bastante e me descontraí mais. 
E as pessoas na plateia riram também porque tudo isso foi feito com o microfone ligado com muita elegância, sutileza e charme. Ninguém entendeu nada e meu amigo teve que  se explicar. O que era para ser uma brincadeira entre duas pessoas virou uma piada para uma livraria inteira ver. Foi lindo e eu adorei, nunca esqueci.
Se eu fosse contar cada emoção que vivi ao longo de tantos anos ouvindo Roberto Carlos, não sei quando terminaria esse texto. Só sei que ele é muito pequeno perto do carinho e do amor que sinto por você querido Rei. E que venham muitas emoções para você. Feliz Aniversário. Vida Longa para o Rei Roberto Carlos. 















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