Uma baita homenagem, digassidipassagi


 Quem me conhece desde criança sabe que sempre fui corinthiana. Mas o que ninguém sabe, nem mesmo essas pessoas, é a história por trás desse sentimento que tenho desde pequena pois passa por duas pessoas que foram fundamentais para ele florescer.
A primeira pessoa é meu saudoso tio Joãozinho que me presenteou com uma camisa do Corinthians de 1977, assim, sem nada explicar. Não era Natal nem Dia das Crianças e nem meu aniversário.
A camisa era muito "diferente" com um "desenho bonitinho" (era assim que eu via o escudo do Corinthians com apenas cinco anos e quase nenhuma influência esportiva em casa, a não ser meu saudoso avô João ouvindo os jogos em seu rádio - qualquer jogo - mas não demonstrando torcida por um ou outro)
Eu gostava daquele som.  Ainda gosto, até hoje.
Depois ele revelou ter uma simpatia pelo Corinthians, talvez por conta da maioria dos seus netos. Não sei dizer ao certo. Meu avô era um torcedor discreto, nunca vestiu uma camisa e não tinha bandeira ou qualquer acessório do Corinthians. 
Mas, voltando à aquela época: Quando meu tio trouxe a camisa, me mostrou e pediu para eu vestir, vesti imediatamente. Gostei e pronto. 
Ao mesmo tempo ele também começou a contar as histórias do time, não só para mim mas principalmente para os filhos dele quando eu ia visitá - lo. 
Em sua casa sempre estava assistindo ao programa do Luciano do Valle e jogos do Corinthians pela TV e acabávamos assistindo com ele e nos intervalos vinham histórias narradas detalhadamente como se fossem aventuras épicas. 
Eu sempre dizia "Corinthians" quando alguém perguntava para qual time eu torcia. E, com o passar do tempo, minha camisa já não servia mais porque ficara pequena e minha mãe (IM) repassou para outras crianças  da família. A camisa se foi mas o sentimento continuou vivo e se fortalecendo dentro de mim. 
Em 1982 vi o clube ser Campeão Paulista. Notícia do Jornal Nacional. Me senti bem e feliz. 
O Corinthianismo que já havia em mim ficou "adormecido" durante dez anos.
Até que a outra pessoa responsável por eu ser Corinthiana surgiu: um cara chamado José Ferreira Neto, ou, simplesmente Neto que com suas jogadas e belos gols de falta foi "alimentando" esse sentimento que me deixava feliz. Até que no jogo final do Brasileirão de 1990, na casa de uma prima que comemorava seu aniversário, a alegria tomou conta de vez. 
Corinthianos e São Paulinos na sala vendo o jogo antes de cortar o bolo. Saiu o gol de Tupãnzinho e os corinthianos vibraram muito. Inclusive eu. 
Com nossa gritaria, os são paulinos se retiraram da sala e foram pra cozinha. 
Corinthians Campeão Brasileiro pela primeira vez. Os adultos corinthianos depois de comemorarem bastante e zoar o pessoal da cozinha nos falaram de Neto e de como ele ajudou naquele campeonato. 
Fui até minha mãe e pedi pra ela uma camisa do Corinthians (a 10 igual a do Neto) de presente quando fizesse aniversário em maio do ano seguinte. Depois, em dezembro, minha mãe me deu também a versão de manga comprida pra eu usar no frio (risos).
Ela relutou no começo pois não era comum meninas possuirem camisas de clubes de futebol naquele tempo mas eu ganhei. Tenho até hoje. É esta que estou usando na foto. Já com autógrafo do Neto conseguido em 2010. Ano do centenário do Clube, dias antes de comemorar a data inclusive. 
E, depois de muito tempo sem usá - la, ontem vesti porque a ocasião merecia e muito. 
Manhã nublada de sábado. Neto recebeu uma homenagem, um pouco tardia mas merecidíssima. Um busto inaugurado na sede social do clube para eternizar fisicamente sua tragetória e juntar - se a outros que já estavam ali para todos poderem visitar. 
Quase todas as pessoas que foram homenageadas com um busto inauguraram pessoalmente. A única exceção  foi Sócrates que faleceu antes.
Pelo Corinthians, Neto jogou 228 vezes, marcou 80 gols e conquistou 3 títulos: Campeão Brasileiro de 1990, Campeão Paulista de 1997 e Campeão da Supercopa do Brasil 1991.
Ontem Neto chegou ao clube para a homenagem acompanhado pelos familiares e alguns amigos. Atendeu com bom humor, simpatia e carinho aos inúmeros pedidos de autógrafo em camisas e selfies com torcedores que o aguardavam. Foi um pouco complicado fazer o curto trajeto da galeria de entrada até o local onde estava seu busto coberto mesmo cercado por seguranças do clube.
Depois da execução do Hino do Corinthians e breves discursos do diretor cultural e do presidente, Neto inaugurou o busto e ficou muito emocionado. 
Chorou muito ao ver a própria imagem eternizada pela primeira vez. 
Em seu discurso homenageou familiares e pessoas do início de sua carreira esportiva. Agradeceu com especial carinho a mãe, a esposa, os filhos e o pai que não pôde comparecer. Também mandou muitos "Vai Corinthians" 
A torcida entoava novamente o grito com o qual recebia Neto nos gramados: "È le le o lê lê o le lê o le lê o Neto"
Depois da homenagem, entrevistas e fotos ao lado do busto para a imprensa que cobria o evento. E mais autógrafos e selfies . 
Parabéns pela homenagem e muito obrigada por tantas alegrias que nos deu. Se você não foi para a Copa do Mundo de 1990, azar dela. Você tem uma carreira muito maior que isso. Sorte temos nós corinthianos que te eternizamos faz tempo em nossos corações. Você merece garotinho! 





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