Todos Contra o Coronavírus - Chegou minha vez de ser vacinada


 Hoje foi um grande dia para mim. Finalmente fui vacinada contra o Covid 19. 
O que parece ser banal no cotidiano de muitas pessoas, a mim não é.  Inclusive, esta situação é algo que tenho certa dificuldade em lidar por conta de traumas e temores que tenho e que aos poucos vou vencendo. 

Tomar esta vacina, ter mais chance de viver sem contrair o vírus ao invés de me acomodar e não enfrentar meus medos  correndo o risco de não estar viva para publicar este texto não é uma escolha mas sim uma obrigação para comigo mesma e com o próximo. 

Esta doença terrível não permite erros e nos obriga, mesmo que não queiramos, a cuidar do outro. 

Ela nos separou de quem amamos, impôs barreiras nunca antes impostas e nos tirou pessoas amadas de nosso convívio. Eu mesma perdi um amigo ano passado que era como um pai para mim e semana passada, de repente, perdi um tio que tinha lá seus problemas de saúde mas nada que fosse tão devastador quanto esse maldito vírus. 

É doloroso perder alguém sob qualquer circunstância mas perder alguém para o Covid, acreditem, é uma dor que nos deixa duplamente dilacerados. Algo tão terrível que eu seria incapaz de desejar a quem quer que seja um milésimo do sofrimento que temos com a perda a qualquer ser humano para este vírus invisível. 

Desde o começo dessa pandemia, além de ter de ficar em casa sem poder sair, usar máscaras, não cumprimentar pessoas, não receber ninguém nem ir a festas ou eventos, enfim... abrir mão de uma rotina social normal e nos distanciarmos das pessoas de modo que fiquemos seguros, eu vivi vários conflitos internos causados pelo medo do desconhecido e por traumas de uma vida inteira. Aos poucos estou vencendo e hoje dei mais um passo.

Estou orgulhosa de mim sem falsa modéstia. Não sei explicar o que é, se foi um extinto de sobrevivência ou sei lá o que. Mais do que medo de agulha, tenho medo de morrer sofrendo, entubada num leito de hospital. Foi isso que me moveu a ter coragem e minha fé em Deus. 

O fato era que eu já devia ter sido vacinada desde ontem. 

Sou deficiente e também faço uso de medicamentos para hipertensão. Só que desde o início da pandemia deixei de lado o controle da pressão por medo de ir ao posto de saúde e contrair o vírus. 

Juntou tudo: o medo da agulha, a insegurança em ir ao posto de saúde, a ansiedade pela vacina e meu medicamento que havia acabado. Tive uma crise que nunca tive antes e pensei que ia morrer. Fiquei tão nervosa que a pressão disparou. 

No posto, fui medicada duas vezes e mandada pra casa. 

Hoje voltei e, antes da vacina tive de passar na médica para trocar o medicamento e um deles foi na veia, meu maior temor de todos. 

Felizmente as enfermeiras e a médica, Dra Simone, foram muito carinhosas e atenciosas comigo, muito  pacientes e minha tia, como sempre, zelosa e compreensiva com meu desespero exagerado. 

Sem contar que, certamente minha saudosa mãezinha e minha Madrinha do Céu, Nossa Senhora Aparecida estavam presentes ali também, todo o tempo intercedendo por mim. Eu apenas não podia ver mas elas estavam ali. Eu sei. 

Após constatar que minha pressão voltava ao normal, a médica trocou meu medicamento e  autorizou a vacina. Aproximei da mesa com certo medo, sou humana, poxa! Mas a dor da picada se resumiu a um leve arranhão de gato quando ele quer apenas brincar com seu dono. 

Me sinto bem e feliz, pode parecer estranho mas é assim que me sinto. E me sinto também um pouco mais liberta de meus próprios medos. Resta esperar a segunda dose, no próximo 19 de Agosto e em muito breve retomar a minha vida assim que o mundo também retomar seu curso normal. 

Fica aqui meu desejo de que todos, independentemente de quem sejam ou tenham, possam receber suas doses da vacina. Tenho fé de tudo vai passar. 





Dedico este texto com muito carinho e gratidão a todos os profissionais da saúde abnegados em sua missão de cuidar e imunizar as pessoas, aos incansáveis cientistas, à enfermeira Erica (que aplicou minha vacina), a Drª Simone que me socorreu quando precisei e autorizou a vacina e muito especialmente a Ana Paula Moreira, enfermeira que muito me ajudou a superar meus medos, a memória da minha mãezinha Lourdes, a minha tia Judite pela paciência em cuidar de mim e me compreender e a minha Madrinha do Céu Nossa Senhora Aparecida

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