Muito obrigada, Maurício de Sousa

Maurício de Souza na Bienal do Livro
Muito antes de eu saber ler ou escrever, não sabia o motivo do meu saudoso avô e outras pessoas segurarem e olharem em silêncio um papel cheio de "coisas" que eram observadas com tanto interesse. Minha saudosa mãe já me mostrava o que eram livros cheios de desenhos coloridos cheios de estórias que ela contava pra eu dormir. E também gibis. 
Meu avô, todos os domingos ia na banca comprar jornal para ler depois do almoço. E assim despertou o interesse de eu "conhecer" o jornal que eu colocava no chão e sentava para juntar as letras para saber o que estava escrito ali. 
De vez em quando, eu ia com ele e, na banca de jornal, ele me dizia, apontando os gibis: "Escolhe um aí" e não se importava com o preço. Normalmente eu escolhia ou um da Mônica ou um do Mickey, que eram os personagens que eu mais adorava. Um do brasileiro Maurício de Sousa e o outro do americano Walt Disney, dois personagens que marcaram minha infância e ainda marcam minha vida até hoje. Mais do que qualquer um. Mais até que o Chaves e o Bozo porque não precisei vê  - los em desenhos animados ou ouvir suas vozes. Para quem gosta de ler, isso marca muito. E ainda assim, via seus desenhos também quando passava na TV. O trato era o seguinte: Enquanto eu não terminasse de ler um gibi, meu avô não comprava outro. Tinha que terminar o velho para comprar e ler um novo. O incentivo à leitura veio, justamente de um cara com pouco ou nenhum estudo mas sempre, do seu jeito, lia seu jornal e fazia questão de incentivar todos os netos à prática prazerosa da leitura. Todos íamos à banca e todos ganhavam gibis.
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Palestra de Maurício de Sousa na Bienal sobre quadrinhos
                                                                                                                                                                                                                                                 
O tempo foi passando e eu comecei a frequentar a Bienal do Livro. Aquele lugar encantado, cheio de livros por todos os lados. Cheio de gente que lê, que fala sobre livros, que escreve e consome as informações ou estórias escritas por pessoas que conhecemos bem o nome mas que dificilmente conhecemos seu rosto e mesmo assim, essas pessoas tornam - se parte da nossa vida e, como os que aparecem na TV, tornam - se também nossos ídolos. 
Cada uma das 9 Bienais que estive, teve seu momento especial mas, nenhuma como esta. Soube que o Maurício iria fazer uma palestra sobre os 60 anos da Mônica e quadrinhos e seus 80 anos de vida. De qualquer forma, eu iria para a Bienal do Livro. Escolhi ir ontem, um sábado para ver Maurício de Sousa nem que fosse de longe e também levei um velho gibi do meu avô na esperança de pegar um autógrafo. Para tal ocasião especial, coloquei uma gargantilha da Mônica que tenho desde pequena mas que fazia pelo menos uns 25 anos que não usava mais. E um anel que foi muito significativo para minha mãe. 
Só de vê - lo de longe, já foi emocionante. Mal sabia eu que algo muito melhor iria acontecer.



Depois da palestra, soube que Maurício de Sousa iria lançar um livro com algumas passagens da sua vida em quadrinhos. O livro "Memórias de Maurício". Eu não sabia de nada, que tinha que comprar o livro, que tinha senha mas, depois de ficar um tempo enorme esperando no lugar "elado" como diria o Cebolinha, fui para o lugar certo. Não tinha a certeza se iria conseguir ou não o autógrafo mas fiquei ali apenas para ver Maurício um pouco mais de perto, chegar e entrar para atender os cinquenta afortunados que conseguiram sua senha comprando o livro. 
Minha tia arriscou falar com um dos funcionários que auxiliaram Maurício de Sousa. O funcionário, compreensivo e simpático, após ouvir nossa história, mandou que aguardássemos o fim do evento  e disse que nada prometia porque Maurício estava cansado, com a saúde debilitada e isso poderia não acontecer. Uma multidão se acumulou no pequeno espaço do stand à espera do "pai da Mônica".
No horário marcado, Maurício chega num carrinho desses de golfe e desce amparado por seguranças. Passou bem ao meu lado. Toquei de leve o braço dele. Aquilo para mim foi o máximo que poderia acontecer e guardei aquele imperceptível gesto para sempre e poder dizer "eu toquei no braço do Maurício de Sousa". Uma emoção difícil de controlar mas que consegui. Ao entrar, Maurício "autografa" o vidro do stand sob olhares extasiados e perplexos. As personagens Mônica e Magali e também as filhas de Maurício que inspiraram os quadrinhos. Entre um autógrafo e outro do pai, dentro do stand, as filhas famosas eram tietadas do lado de fora. Simpáticas e fofas demais. E Magali ainda comeu um docinho que pegou da mesa e quando a chamaram para uma selfie, ela disse: "Espere, estou comendo". Isso não tem preço: Eu vivi para ouvir Magali dizer que estava comendo! Meu Deus, Incrível!
O tempo passava e nós ali, firmes, esperando conseguir algo. Junto com uma menina que fez um gibi para ele. Maurício faz sinal para seu funcionário e ele libera a entrada da menina que estava muito emocionada. Depois libera alguém que chegou com uma pessoa na maca, vai até a pessoa e volta. E depois de mais algumas pessoas com senha, foi minha vez.
Diante dele, travei por uns segundos mas consegui contar a minha história e lhe mostrar não só o gibi do meu avô como também dizer que depois de anos usei minha gargantilha da Mônica especialmente para a ocasião. Ele sorriu. Tiramos as tradicionais fotos e me despedi. Ainda não caiu a ficha. Chequei o celular várias vezes para saber se as fotos "existiam" várias vezes, até de madrugada e hoje de manhã. Não tenho como descrever, só agradecer à você, Maurício, por tudo e por fazer parte da minha vida. Sucesso, sempre. Um grande beijo.


O gibi autografado

Maurício de Sousa e eu: realização de um sonho
Dedicado à Maurício de Sousa, suas filhas Mônica e Magali, seus funcionários super simpáticos, à minha tia Judite que me levou à Bienal do Livro, à minha mãe Lourdes (IM) e ao meu avô João (IM) a quem dedico também o autógrafo que recebi. Esse autógrafo também é para você, Carequinha Lindo.  

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