Meu nome é Bond...James Bond - Capítulo 6 - 007 Contra o Satânico Dr. No (1958)

Hoje recomeçamos nossa trajetória analisando na ordem os livros de Ian Fleming e suas adaptações para o cinema com um título especial: 007 Contra o Satânico Dr. No.
Apesar de ser o sexto livro, foi através deste  título que James Bond ficou conhecido nas telas do cinema. 
No livro vemos uma estória um pouco fora dos padrões literários usados na espionagem tradicional abordada por Ian Fleming.
Ele quis entrar num mundo um pouco menos espionagem clássica e mais ficção policial .
Nesta aventura, James Bond viaja à Jamaica e lá, com a ajuda do velho amigo Quarell (uma mistura de cicerone com espião) vai à procura de um"vilão invisível".
Dr. No é apresentado à todos apenas no capítulo 14.
Essa técnica inovadora do autor é um dos atrativos do livro, talvez o maior deles. Imprime a atmosfera de enfrentar o desconhecido. Fleming quer  atrair o leitor, fazê - lo ser um "segundo Quarell" auxiliando 007 em sua missão e pensando em como resolver o caso, dando - lhe elementos para raciocinar como um detetive.
A partir daí descobrimos q Dr. No é um terrorista profissional. O objetivo dele é sabotar foguetes disparados do Oriente em troca de dinheiro. E para isso, ele interfere nas rotas de mísseis teleguiados dos Estados Unidos. Vale ainda lembrar que Dr. No é aliado russo e que na década de 1950 a corrida espacial para ver quem seria o primeiro a conquistar o espaço estava a todo vapor.
Autor visionário como era, Ian Fleming não poderia deixar isso fora de seus livros que já eram bem populares.
Como adiantei no começo desse post, o público do cinema conheceu a imagem de James Bond através de Dr. No.
Com a devida popularização dos livros de Ian Fleming provocada pela entrevista de John Kennedy, presidente dos EUA , em que ele colocou em sua lista de livros de cabeceira um dos livros do autor britânico, o produtor de cinema canadense Harry Saltzman procurou os representantes de Ian Fleming afim de comprar os direitos autorais dos livros e adaptá - los para o cinema.
Assim como Fleming, Saltzman foi visionário pois a indústria cinematográfica começava a mostrar interesse pelo personagem dos livros ainda mais que o presidente que ditava moda em tudo o que fazia tinha gostado do que leu a ponto de fazer uma recomendação numa revista de sucesso.
Só tinha um porém: Ian Fleming escrevia um conteúdo carregado de erotismo e sensualidade para a época. Isso poderia causar o sucesso absoluto ou ser censurado por "puritanos" que implicassem com isso em nome de "proteger jovens do pecado".
E quem pensa que a ousadia parou por aí, está redondamente enganado. Saltzman queria mais...
Após adquirir os direitos da obra literária de Ian Fleming, exceto Cassino Royale que já tinha sido utilizado para filmagens de um especial de TV produzido pela CBS dos EUA, ele  precisava associar - se a algum produtor de cinema tão ousado quanto ele.
O nome desse cara era Broccolli... Albert Broccolli, um americano ex caminhoneiro que batalhou muito e conseguiu entrar no cinema fazendo sucesso rapidamente ao lado de Irving Allen fundando a Warrick e Films. Após sua saída, juntou - se à Saltzman na criação da maior parceria do cinema mundial. Nascia a EON Productions e com ela, nascia para o cinema Bond... James Bond.
Vale destacar dessa época pequenas curiosidades:
1) Após muitos testes com atores renomados, o ator escolhido para dar vida à 007 na verdade era um homem simples, de modos rudes, um leiteiro escocês que ficou em segundo lugar (injustamente na minha opinião) num concurso de beleza mas que começava a trilhar nessa época seus caminhos cinematográficos com produções de pequena expressão e um filme produzido pela Disney pouco conhecido onde aparece cantando com um pequeno destaque. Sua escolha é atribuída também à Danna Broccolli, esposa de Albert Broccolli, que se encantou com a beleza de Sean Connery, sua postura e sua bela voz ao assistir ao filme Double O´Dee no cinema, comentando depois com o marido as qualidades do jovem ator.
2) A atriz Ursula Andress, atriz nascida na Suíça, a exemplo de Connery, escolhida por sua beleza e jovialidade, tinha uma dificuldade com seu forte sotaque suíço e a solução foi chamar uma atriz para dublá - la. A atriz era Monica Van de Zil. Isso não tirou o brilho de Ursula e era muito comum nesses casos naquela época.
3) Todas as atrizes foram dubladas porém as dubladoras não foram creditadas. Exceção feita à Louis Maxwell a Miss Moneypenny (fonte: Site James Bond Brasil www.jamesbondbrasil.com)
4) Ian Fleming visitou pessoalmente o set de filmagem. Neste dia conversou longamente com Connery e Ursula Andress além de Albert Broccolli.
Ele, que descrevia de forma ousada porém poética a beleza feminina, impressionou - se com a beleza viva de Ursula e, dizem, até gaguejou um pouco ao falar com ela porém tratando - a com extrema delicadeza e respeito já que o marido dela estava presente no set. E ainda teria testemunhado em vida uma cena de sua série literária ser filmada.
5) a cena em que Sean Connery diz a famosa frase "My name is Bond...James Bond foi filmada em 27 de fevereiro de 1962. (fonte: Wikpedia)
No filme, Bond tem a missão de descobrir quem assassinou Strangways e se esse assassinato tem a ver com as interferências nos lançamentos de foguetes dos EUA em Crab Key. A primeira descoberta no entanto, acontece por acaso quando Bond e Quarell, num barco improvisado, descobrem através de um contador Geiger que a terra onde estão é altamente contaminada com radioatividade.
Nesse interin, além de Quarell, ele tem o auxílio de Felix Leiter, um agente da CIA, o serviço de espionagem americana. Num primeiro momento, há um estranhamento de Leiter para com Bond por não saber de que lado ele estava. Mas isso é substituído rapidamente por uma parceria que se torna fundamental para o sucesso da missão.
Bond sofre um atentado pelo Professor Dent que se utiliza de uma tarântula para envenená - lo durante à noite enquanto dorme. No livro de Ian Fleming, o inseto utlizado foi uma lacraia venenosa.
Bond decide então ir a Crab Key, esconderijo de Dr. No mas Quarell se recusa por causa da lenda de um "dragão" que guarda a ilha. Convencido a ajudar Bond, Quarell foi com ele.
Instantes depois, a cena mais icônica e impactante do cinema. Ursula Andress aparece com duas conchas na mão, saindo do mar, de biquini marfim e com um facão no coldre cantando Under the Mango Tree. Essa cena causou alvoroço, olhares perplexos, comentário e até hoje é referência pelo pioneirismo. No livro, a Bond girl está nua como a famosa figura da Vênus de Botticelli conforme descreveu Ian Fleming e a música era um calipso quieixoso jamaicano, "Marion", que fora liberado da censura alfandegária para fazer sucesso fora do país de origem. (curiodidade de bastidores: quando eu relia o livro para preparar esse post, num dos dias, li ao som das trilhas de 007 e, na passagem dessa cena, meu celular tocou aleatoriamente Under The Mangoo Tree, um momento marcante e confuso). O biquini deve ter sido uma adequação para que as famílias pudessem curtir o filme juntas sem se chocar.
Sobre o vilão Dr No, no cinema ele é um vilão fleminguiano típico, megalomaníaco, esconderijo exótico e um objeto usado em tom de ironia: um quadro do Duque de Wellighton (réplica) roubado dois anos antes da estreia do filme e que jamais foi encontrado de verdade. A ironia é que este quadro "aparece" em Crab Key. Bond não acredita no que vê e fica confuso.
Quem gosta de cinema para se divertir ou trabalha com cinema sabe que 007 Contra o Satânico Dr. No é um filme que fez história e é referência até hoje para filmes do gênero.

Eu retornarei em: 007 Contra Goldfinger

PS: Essa série de textos é dedicada à memória de Ian Fleming e também aos amigos Lucian e Rildon que me incentivaram a fazer essa experiência. Obrigada, amigos. Beijos.








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