Obrigada pela sua companhia, Ricardo Boechat

Era segunda - feira, dia 11 de fevereiro de 2019. Pontualmente às 8 horas da manhã, saio do meu quarto após arrumar a cama. Passo pela cozinha, ligo o rádio que era de minha mãe sempre na mesma estação, a Band News FM de São Paulo, 96,9. 
 A voz de Ricardo Boechat  já começa a cobrar pela falta de segurança em barragens de mineradoras devido à tragédia na cidade de Brumadinho - MG e também alvarás de funcionamento dos bombeiros devido ao incêndio no CT do Flamengo este ano.
Mas não só isso, ele vai além. Cobra das autoridades providências que elas deveriam ter tomado em decorrência de outras tragédias como a de Mariana - MG em 2015 e do incêndio da Boate Kiss em Santa Maria - RS em 2013. Boechat era sinônimo de compahia constante para meu gato e para mim todas as manhãs. Sim, meu gato também se acostumou com aquela voz no rádio naquele horário, como se pudesse entender alguma coisa. 
Enquanto isso, eu seguia minha rotina matinal, segui para o banheiro onde fiz todo o processo de higiene pessoal e em seguida fui cuidar do meu gato preto de 5 anos. Abri a casinha onde ele dorme no quintal para que ele saísse, fiz um carinho e o levei para a cozinha onde providenciei a alimentação dele. Sachê de ração com molhinho especial para gatos sabor peixe e a vasilha com água fresquinha.  Deixei a casinha fechada e já arrumada
Depois fui tomar meu café da manhã, um pãozinho com ovo e café preto. 
Deixei a cozinha em ordem e enquanto isso, o rádio estava transmitindo normalmente as notícias daquele dia. Trânsito, situação do metrô de São Paulo, coisas do governo, greve do funcionalismo municipal, etc.Tudo isso em 40 minutos, afinal, em 20 minutos, tudo pode mudar e na Band News FM o ritmo é bem esse sem enrolação e com a notícia bem vinculada para o ouvinte ficar bem informado e não ficar entediado.
E, realmente, mal sabia eu que tudo estava prestes a mudar radicalmente de uma hora para a outra aquele dia. 
A voz de Boechat ecoava na cozinha e também a de José Simão com sua coluna diária de humor. Foi a última coisa que eu ouvi naquela segunda - feira. Quis desligar o rádio mais cedo para assistir à Missa pela TV Aparecida. 
Passadas algumas horas, depois de almoçar, liguei a TV na Band (canal 13 - São Paulo) para assistir ao programa do Neto. Eram 13:40 quando Neto voltou do intervalo com uma fisionomia abatida, a voz quase não saía e ele mal olhava para a câmera. Parecia não acreditar em alguma coisa que o diretor dele falava pelo ponto eletrônico. Quando entrou o Datena e deu a notícia que ninguém queria ouvir. 
Quase desmaiei no meu quarto. Paralisei totalmente porque não faziam nem 5 horas que eu tinha desligado o rádio na mesma manhã. 
Passei a tarde toda perdida, desorientada. Pela primeira vez, liguei o rádio à tarde em busca de entender porque e também a TV mais tarde.
Na manhã seguinte, fiquei completamente perdida e só então consegui chorar depois que a rádio reprisou uma linda homenagem que fez às 7:30h quando Boechat abria o programa. 
Ouço a Band News desde 31 de outubro de 2010 quando encontrei a rádio no meu celular vermelho daqueles bem simples só com rádio.
Naquele domingo, eu estava com minha família, a caminho da casa do meu primo, ouvindo pela Band News a apuração dos votos do segundo turno das eleições presidenciais daquele ano. 
Daí não parei mais pois gostei da rádio e da maneira que informavam os acontecimentos. Está sendo tão difícil escrever esse texto que só saiu hoje embora as primeiras palavras do texto apareceram em minha mente ontem durante minha aula de natação. 
Tá difícil, tá triste, tá osso mas, vou seguir aquele conselho que Boechat nos deixou. 
Obrigada por esses quase nove anos da sua companhia todas as manhãs, você faz falta. Fique em paz que aqui eu vou continuar tocando o barco e ouvindo seus colegas todas as minhas manhãs. 



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