Meu nome é Bond...James Bond - Capítulo 11 - A Serviço Secreto de Sua Majestade (1963)


Olá meninos e meninas, tudo bem? Hoje vamos falar de mais um livro de Ian Fleming e um filme de James Bond. 
Apesar de seguir a contagem normal de capítulos para esta série de textos, este capítulo é muito especial pois ele traz, apesar do título bem óbvio, 007 A Serviço Secreto de Sua Majestade, muitas curiosidades que rondam esse livro. Notamos por exemplo que Ian Fleming retoma as rédeas de James Bond. Ao invés de outro protagonista como aconteceu em "Espião e Amante",onde tivemos Viviane Michael com 007 fazendo uma "pontinha" no final (leia o capítulo 10 desta série de textos para entender melhor), Bond retoma o seu estrelato. 
Outra curiosidade que eu mesma notei somente agora que pela primeira vez estou lendo os livros na ordem que foram escritos, é que esta estória  é uma continuação direta do livro Chantagem Atômica.
Estão de volta todos os elementos que nos são familiares quando se trata de James Bond. E o mais evidente é o patriotismo e a lealdade à Coroa Britânica, incluindo o MI - 6 e a SPECTRE travando o eterno embate entre elas. 
O livro anterior é como se não tivesse existido. Foi como se o autor tivesse cometido algum "erro" e para corrigir amassou as folhas que havia escrito em sua máquina Royal e jogou numa espécie de lixo imaginário. 
Diferentemente do que nós leitores pensávamos, Bond continua procurando Blofeld por toda a Europa pois o vilão está desaparecido desde Chantagem Atômica.
M ainda crê que Blofeld continua no controle da SPECTRE e está  se refazendo do fracasso do Plano Ômega. 
Para Bond, encontrá - lo é perda de tempo e isso o leva a pensar em  uma decisão muito radical: entregar seu cargo e consequentemente sua licença para matar (00) à M. 
Mas o chefe lhe nega a demissão e dá apenas uma folga para que ele possa relaxar e colocar os pensamentos em ordem. 
Bond parte para a França e com esta viagem ele começa a exercitar sua sensibilidade, seu lado mais humano. Bond volta ao mesmo local em que esteve combatendo o vilão Le Chiffre  de Cassino Royale, mais um link do passado, mais um fan service para colocar de vez James Bond nos eixos. 
Na França Bond conhece a Condessa Teresa Di Vicenzo (Tracy), filha do poderoso chefe da organização Union Corse, a máfia francesa, Marc Ange Dracco. 
Uma curiosidade sobre a condessa é que o perigo a atrai muito.Vemos por exemplo, já nas primeiras cenas dela no livro. Tracy dirigindo em alta velocidade. E também perdendo uma verdadeira fortuna num jogo de cartas em Chemim de Fer. Bond paga a dívida e em retribuição, Tracy cede aos encantos do espião que  tentava conquistá - la. Inclusive, este namoro dá o tom romântico para Bond que até então seduzia para obter vantagens e possuir uma bela garota em seus braços por uma noite sem compromisso.
Conhecemos um espião apaixonado. 
A Condessa é a típica garota problema, foge dos padrões de comportamento de outras Bond girls, bem mais submissas. 
Tracy tem um comportamento neurótico mas isso não tem a ver com sexo. No seu caso foi excessivamente mimada e negligenciada por Dracco, em quem depositou todas as suas expectativas de um futuro perfeito após ter fracassado em seu casamento com um playboy italiano e ter sofrido a dor da perda de seu filho ainda bebê por meningite espinhal. Com tanto sofrimento, ela não quer viver mais.
O namoro de ambos é retratado no livro com muita delicadeza e, ao mesmo tempo é vivido intensamente. Tracy se entrega a Bond como parte do pagamento da dívida no cassino e no dia seguinte se encontram numa praia. Ele a impede de entrar no mar e cometer suicídio. Nessa hora, Bond quase confessa seus sentimentos mas é interrompido por capangas de Dracco que o levam à presença dele.
Mesmo sendo cruel e desonesto, Dracco acaba se aliando à Bond pois Tracy é o elo entre eles. Dracco quer a filha feliz e alguém que controle seu gênio impetuoso e Bond é o homem certo para isso. E mais, pede à Bond que se case com ela porque Tracy se apaixonou. É no mínimo algo curioso apenas cogitar um casamento para 007. Se eu apenas conhecesse o personagem superficialmente, ficaria surpresa quando alguém falasse sobre isso mesmo que em hipótese.
E com a vida amorosa de Bond resolvida, era hora de Ian Fleming começar a tratar da captura de Blofeld.
Descobre - se que Blofeld vive escondido na Suíça usando uma falsa identidade acima de qualquer suspeita: Conde Balthazar Bleuville. Ao invés de comandar a SPECTRE, sob este nome falso, ele comanda um resort nos Alpes e uma estação naturista.
Através de estudiosos do College of Arms de Londres onde o vilão entrou com um processo de reconhecimento de título de nobreza, sua localização foi confirmada.
Bond então tinha o disfarce perfeito para capturá - lo: representante do College of Arms, Balisco Sable, especialista em heráldica ganhando assim a confiança de Blofeld. Com base em várias provas obtidas nesse processo, Bond conclui que a SPECTRE ressurgiu no Piz Gloria com pequenas alterações. Por esse motivo, os funcionários do Piz Gloria são russos, alemães, franceses e corsos comandados por Irma Blunt. Quem assedia pacientes no resort é atirado montanha abaixo, uma punição "justa" segundo Blofeld.
As pacientes, jovens britânicas de família rica usam o método naturista para curar alergias e repulsas aos mais diversos tipos de alimentos.
Elas também recebem lavagem cerebral para agirem de acordo com o que os vilões pretendem. Essa atitude é tida como parte do "tratamento".
Durante a investigação, Bond descobre que Blofeld está desenvolvendo em um laboratório algumas espécies de vírus . O vilão tinha um novo plano que o agente desconhecia mas, mesmo assim, ele aproveitou que eram as vésperas de Natal e a segurança não estava tão rigorosa. Deixou o resort.
A SPECTRE no encalço de 007 não o impediu de seguir as pistas que faltavam para descobrir tudo. Entrou num baile de máscaras em Saint Moritz para fugir de seus algozes. É nesta hora que Tracy surge como instrumento do destino e uma das artimanhas da brilhante imaginação de Ian Fleming para Bond escapar e começar a salvar o dia. O casal vai para o aeroporto de Zurique e embarcam para a Inglaterra. Finalmente, Bond deixa fluir seu lado romântico e pede, enfim, a Condessa em casamento: "Vamos fazê - lo [o casamento] no Consulado de Munique (...) Depois nos casamos de novo em uma igreja inglesa - ou melhor, escocesa - pois provenho da escócia".
 Sim, leitores, esta eu diria ser, uma curiosidade que poucos sabem a respeito do famoso personagem e também uma homenagem ao primeiro ator que interpretou 007 no cinema: Sean Connery.
Além de Connery, outra pessoa do mundo de Bond no cinema recebeu homenagem de Ian Fleming, a atriz Úrsula Andress que o autor conhecera no set de filmagens de 007 Contra o Satânico Dr No (1962). Fleming ficou hipnotizado pela beleza da atriz que foi a Bond girl que protagonizou na Jamaica a linda e icônica cena da saída do mar usando um biquini branco, óculos de mergulho e uma faca presa à cintura.
No livro, Bond vê Úrsula no hotel em Piz Glória. Ela é uma das celebridades que estão hospedadas.
Voltando à investigação. Com as provas em seu poder, com ajuda de M e de um representante do Ministério da Agricultura e Pesca, 007 conclui que Blofeld quer provocar uma guerra biológica na Inglaterra destruindo suas reservas alimentares usando agentes como a bactéria antraz. Essa arma química seria transportada pelas próprias pacientes da clínica que teriam alta no Natal.
Para valorizar a estória e o mistério em torno da figura de Blofeld, o vilão aparece poucas vezes no livro. Apenas duas vezes.
Vou me permitir dar um pequeno spoiller para quem ainda não teve a oportunidade de ler pois ele é necessário.
Tracy morre,assassinada por Blofeld com tiros, pouco depois de se casar com James. Embora não seja o happy end que todos esperam, isso foi necessário pois um espião como 007 não podia ser ligado à esposa e possíveis filhos pois estando preocupado nunca iria executar suas missões com a coragem e a eficiência necessárias.
Não tenho muito o que falar do filme pois ele é uma das adaptações mais fiéis ao livro. Talvez a mais fiel. Apenas uma mudança de nome de personagem e um dos locais. Vale ressaltar ainda que este filme tem uma curiosidade única. O ator que dá vida ao agente 007 é um ator australiano pouco conhecido, George Lazenby que fez apenas este filme no papel do agente secreto. Poucas pessoas sabem disso. Mas nada que uma boa pesquisa não possa resolver.

Eu retornarei em: A Morte no Japão 



PS: Essa série de textos é dedicada à memória de Ian Fleming e também aos amigos Lucian e Rildon que me incentivaram a fazer essa experiência. Obrigada, amigos. Beijos.











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