Ainda Estou Aqui: O começo de uma nova história no cinema brasileiro
Devo ser sincera com meus leitores antes de qualquer coisa para escrever este texto.
Até o presente momento não assisti ao filme nem li o livro de Marcelo Rubens Paiva que inspirou o filme Ainda Estou Aqui. Mas pretendo prestigiar esta obra cinematográfica e também ler o livro assim que possível.
Acreditem, o livro está se esgotando rapidamente nas livrarias. Assim que chegam, as cópias são vendidas instantâneamente. Procurei em sites e em livratrias presencialmente e a resposta era sempre a mesma: esgotados, não tem. Pretendia ler o livro primeiro e ver o filme depois mas não rolou.
Queria ter feito isso antes do Oscar, até mesmo antes da indicação pois desde que Ainda Estou Aqui começou a ser exibido nos cinemas, todo mundo estava falando disso mas de um jeito diferente em se tratando do cinema brasileiro.
A divulgação foi massiva. Fernanda Torres indo aos principais programas de entrevistas divulgar o filme, acompanhada por vezes de Selton Mello. Ambos falando em ingês fluente e natural.
Parecia até filme americano que Hollywood quer que todos falem. Sabem aquele ditado: Falem bem ou falem mal mas falem de mim? Então...
Hollywood usa isso como ninguém quando quer promover um filme, não exatamente pra abocanhar estatuetas do Oscar mas para ser visto pelo público, fazer bilheteria, gerar lucros e com isso, bem provável que premiações aconteçam. É consequência de um trabalho aceito por críticos e, principalmente, pelo público que paga ingresso nos cinemas ou acessa streamings.
Eu sempre fui cética com nosso cinema. Torcia o nariz abertamente.
Para mim, o cinema brasileiro tinha algumas definições que eu usava para me referir aos filmes: Trapalhões/Xuxa/Casseta e Planeta entre outros (filme pra fã ver artistas da TV na tela grande), puro chamariz com roteiro mediano, comédias estilo Zorra Total ou a Praça é Nossa com "piadas que duram duas horas", filmes novela (porque os atores também trabalhavam em novelas) ou coisas sem pé nem cabeça que ninguém entende a não ser intelectuais com nível de QI altíssimo, Mazzaropi, esse sim bom com pouco orçamento, praticamente auto sustentável mas com roteiro ideal pro público que lotava os cinemas. Finais engraçados com uma espécie de lição de moral
Não são de todo ruim mas, convenhamos que não são nenhuma obra de arte. Já vi alguns e me diverti pois o final é feliz e dá pra você aproveiar uma sessão agradável em família.
A partir de Tropa de Elite, na minha opinião houve uma melhora no que espero de um bom filme. Longe do meu ideal particular mas "assistível", bom pra relaxar quando não se quer ler legenda ou ouvir dublagem.
Surgiram depois as cinebiografia. Mas esse gênero em particular depende muito da pessoa admirar ou ter curiosidade sobre a pessoa retratada no filme de forma real ou inspirado no real com licenciamento poético.
Com Ainda Estou Aqui observei uma coisa completamente diferente. Pessoas indo ao cinema assistir filme brasileiro não só aqui no país de origem mas em países em que ninguém sabe falar português e assistem ao filme com legendas. A maioria, cidadãos locais e não brasileiros com saudade de casa. O autêntico sucesso internacional.
E prêmios, prêmios aos montes para todos os gostos, até mesmo para o cãozinho que representou o mascote da família Paiva.
E a coisa deu tão certo que o resultado não poderia ser outro. I´m Still Here (tradução do título para o inglês) levou a estatueta como melhor filme internacional representando o Brasil.
Um feito histórico que deve ser celebrado por várias gerações.
Haviam outras duas categorias em que estava concorrendo. Melhor Atriz com Fernanda Torres e Melhor filme com Ainda Estou Aqui porém não venceu nenhuma destas.
Fernanda Torres é uma atriz gigantesca. O tipo de "fruto" que não cai longe da árvore, já que é filha da diva Fernanda Montenegro e do igualmente gigantesco Fernando Torres (IM).
Teve gente que protestou contra a vitória de Mikey Madson e Annora mas convenhamos, apesar da fama no Brasil, praticamente não vemos referências à Fernanda Torres lá fora. Quem acompanha cinema sabe que o Oscar é uma premiação local para prestigiar o cinema dos Estados Unidos.
Querem saber? estou muito feliz com esse Oscar de filme Internacional. Foi lá e venceu sim. Onde pode vencer.
Comemorei virtualmente com o grupo do Bondcast no Whats App.
Gritei alto ontem à noite. Chorei um pouco também.
E essa vitória é apenas o início de uma nova história no cinema do Brasil. Como diz aquele meme, primeiro você começa, depois você melhora. Apenas começou, não custa lembrar.
Para a turma do oba oba politizado, pouco importa pra mim para quem torcem, votam ou fazem suas preces as pessoas que compõem um filme. Quando vou assistir, quero apenas me divertir com uma boa estória.
F I M .
Para Fernanda Torres, Selton Mello, Walter Salles, Marcelo Rubens Paiva e às memórias de Eunice e Rubens Paiva.
E você verá uma boa história, que poderia ter acontecido com você, comigo ou com algum amigo.
ResponderExcluirSim minha amiga. E quem sabe, com a visibilidade desse filme mta coisa venha á tona e mtos erros do passado sejam reparados. Bjs amiga.
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