Quatro anos em silêncio: tributo a Luciano Pavarotti

Este texto despretencioso partiu de comentários no Facebook por causa de um link de Luciano Pavarotti cantando "Non te scordar di me"  que dividi com amigos por mero acaso e logo os comentários vieram. O primeiro, de um fã ardoroso foi esse: "...Até hoje, 4 anos depois de sua morte, ainda não acredito que esse grandissimo tenor tenha nos deixado...."
Comecei a pensar e também não dá para acreditar que Luciano partiu.  E enquanto lia os comentários e os respondia, me recordei de quando conheci Pavarotti e ópera.
Eu era adolescente quando ouvi ópera pela primeira vez ano 1989, tinha 14 anos. Achei um tipo de música diferente e linda.
 Sem entender nenhuma palavra, meu coração sentiu uma paz e uma alegria por receber tanta beleza. Comprei um LP e depois outro. Também comecei a acompanhar música clássica pela televisão.
A ópera, diferente de outros tipos de música é algo que deve ser ouvida com o coração aberto, cheio de alegria, com o espírito preparado. É algo que nos eleva.
Em 1994 comprei o LP dos 3 Tenores, depois de ter assistido o concerto pela televisão inteirinho. Maravilhoso ouvir Pavarotti acompanhado por José Carreras e Plácido Domingo, dois tenores igualmente talentosos regidos pelo competente maestro Zubin Metha. Mesmo pela TV inesquecível e único.
Assim como a parceria de Pavarotti com Roberto Carlos em 1998. Para mim, momento emocionante singular pois meus dois cantores preferidos estavam ali juntos.
Nunca tive a alegria de ver Pavarotti cantar ao vivo mas escutando seus discos eu me emocionava e ficava leve. Sua voz forte, firme e ao mesmo tempo delicada como a de um coro de anjos era um dos mais belos e maravilhosos sons que existiam.
Uma curosidade que apenas bondmaníacos conhecem é uma cena em um teatro onde Roger Moore no papel de 007 persegue o vilão durante um concerto em que se ouve a voz de Pavarotti cantando Pagliacci e depois foi descoberto que era um disco colocado num boneco com a figura do tenor que explodia.


Meus LPs de Luciano Pavarotti

E com a mesma delicadeza de seu canto foi a partida do tenor que morreu sereno, dormindo em seu lar. Sem sofrer. Simplesmente dormiu para sempre deixando fãs chorosos por todo planeta.
Recebi a notícia da morte dele por um telejornal. Vieram me avisar, já que não assisto. Era de tarde quando tudo aconteceu.
Chorei muito e para me despedir peguei um LP duplo e ouvi até o fim. Cada acorde era como uma martelada no meu coração. Meus olhos ficaram vermelhos e deles brotaram duas cachoeiras. E quando tocou Nessun Dorma eu chorei mais ainda pois essa música é de arrepiar de tão maravilhosa.
A última canção que ouvi foi pela internet, Non ti scordar di me (que hoje sei que quer dizer Não te esqueça de mim). Uma verdadeira declaração de amor que naquele dia fez meu peito doer.
Quatro anos de silêncio depois já não estou chorando, meu coração está calmo mas cheio de saudade que cicatrizou mas fica guardada quieta e inofensiva.
Ao Pavarotti que canta junto à Deus dedico este texto com muito carinho e eterna saudade. Como você mesmo pediu nessa canção eu não me esqueço de você.

Comentários

  1. Lindo texto Patrícia! Me fez lembrar de meu primeiro contato com ele, em 1994, com o LP do show "Três Tenores". Eu tinha 9 anos e desde então nunca mais parei de escutá-lo.
    Artistas como ele estão em falta hoje em dia, o mundo caminha por um viés medíocre, onde os reais talentos são esquecidos em detrimento do que é bizarro.
    Parabéns Patrícia, por manter acesa a chama da cultura, sendo uma jovem representante do futuro desta nação.
    Bjão!

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