Eu na Copa do Mundo no Brasil (parte 2: as aventuras de uma Bond Girl no Expresso da Copa)


Dificilmente em minha vida verei novamente um dia como aquele 09 de julho. Nunca imaginei que iria sentir tão de perto as emoções de uma Copa do Mundo, ainda mais na cidade que nasci e também no estádio do meu time do coração e sem precisar viajar para lugar nenhum. Queria ver apenas a movimentação das torcidas a caminho do jogo.
Ao chegar à estação Santana, percebi “4 Messis” apressados para pegar o metrô. Tudo ainda estava calmo, nem parecia Copa do Mundo. Fui até a estação da Luz.

Chegando lá já comecei a perceber os primeiros sons da torcida argentina e o clima de Copa estava cada vez mais evidente. Nunca vi tanto argentino por centímetro quadrado. Foi muito diferente. Chegavam de todos os lados para pegar o trem que levaria até o local do jogo, a Arena Corinthians, cantando e pulando, alegres, mas sem agredir ninguém. Queriam somente ver sua seleção.

Além dos argentinos também havia holandeses. Mas nem todos vieram da Holanda. Muitos brasileiros, por conta da tradicional rivalidade com a Argentina, reforçaram a torcida holandesa mesmo ainda magoados com a goleada sofrida diante da Alemanha um dia antes. Falei no outro post que já passei da fase “torcedora patriota roxa” faz muito tempo.
Moro no Brasil sim e gosto da minha casa, mas não pratico o patriotismo de ocasião que ocorre de 4 em 4 anos. Também não sou patriota no sentido real da palavra e para mim tanto faz o Brasil ser campeão da Copa ou não. Preferi este ano curtir o clima que envolve o evento além de guardar algumas recordações incluindo o álbum de figurinhas oficial.
Preferi este ano curtir o clima que envolve o evento além de guardar algumas recordações incluindo o álbum de figurinhas oficial.
Voltando a falar do passeio: Depois de me informar, embarquei no Expresso da Copa. Estava com minha tia. Ao chegarmos, dois argentinos vestidos com camisas brancas, faixa transversal vinho (ou grená) com iniciais F.P.F. Eles levantaram prontamente cedendo seus lugares para minha tia e eu podermos sentar. A viagem seguiu tranquila e pontual.
De forma pacífica, argentinos e holandeses (reforçados por brasileiros vestidos de laranja pela rivalidade esportiva de muito tempo) viajavam sem confusão nem violência. As conversas sobre futebol e Copa do Mundo fluíram soltas, num agradável som em um espanhol perfeito, rápido e compreensivo em alguns momentos.
Ao fim da viagem, todos desembarcaram com a mesma alegria, passividade e organização.  Agradeci em espanhol a gentileza dos turistas que me cederam o lugar e disse que eles eram bem – vindos.
    
Em Itaquera, mais cantoria. Sem violência ou agressões. Os argentinos fizeram um cântico provocativo relembrando a eliminação do Brasil na Copa da Itália.
“Brasil, decime que se siente / Tener en casa a tu papá / Te juro que aunque pasen los años / Nunca nos vamos a olvidar / Que Diego los gambeteó / Que Cani los vacunó / Están llorando desde Itália hasta hoy / A Messi lo vas a ver / La Copa nos va a traer / Maradona es más grande que Pelé”
“Brasil, me diga como se sente / Ao ter em casa seu pai / Te juro que mesmo que passem anos / Nunca vamos esquecer / Que Diego (Maradona) te driblou / Que Cani (Cannigia) te vacinou / Estás chorando desde a Itália até hoje / O Messi você vai ver / A Copa vai nos trazer / Maradona é maior que Pelé”
Em resposta, os brasileiros cantavam: “Mil gols/ mil gols/ mil gols/ mil gols/ Só Pelé/ Só Pelé/ Maradona cheirador” que além de exaltar um dos maiores recordes do futebol e também de Pelé, além de lembrar o vício de Maradona com as drogas. Tudo sempre na esportividade, piada. Um duelo lindo de se ver.


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Uma coisa engraçada aconteceu. Por pouco não ganhei um “titio” argentino. Minha tia e eu estávamos encostadas num cantinho e enquanto eu tirava fotos para guardar de recordação, um cara se aproximou de nós e disse que as mulheres brasileiras eram as mais lindas do mundo. Depois, olhou para minha tia e disse em bom espanhol: “Se pudesse te daria um beijo”. Cá entre nós, ter um tio argentino seria até engraçado e diferente.
E para mim, esta Copa será inesquecível. essas lembranças ficarão para sempre. Histórias que terei para contar.
Herzlichen Glückwunsch zum Titel Deutschland (Parabéns pelo Título Alemanha)
Felicitaciones por el gran partido Argentina (Parabéns pelo grande jogo Argentina)



Post dedicado aos meus amigos Marketto e Nicolás e também ao meu primo Junior, torcedores de Alemanha e Argentina respectivamente.



 


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