Meu nome é Bond... James Bond - Capítulo 8 - Somente Para Seus Olhos (Para Você Somente) (1960)


Hoje estamos de volta para falarmos novamente  dos livros e filmes de James Bond. 
Já passamos da metade de nossa aventura. E neste oitavo capítulo, Ian Fleming nos traz um livro bem diferente: ao invés de uma única estória escrita num livro temos uma coletânea de contos independentes que nos trazem um 007 mais intimista pois nos falam de algumas peculiaridades do personagem fugindo um pouco da aura de investigação e mistério e aproximando - nos mais do "lado humano" de James Bond. 
Ian Fleming costuma fazer referências de missões passadas nos seus livros. Neste, por exemplo, ele começa a nos falar sobre a missão citada em Goldfinger, retratada no conto "Risco" nos trechos iniciais. Nesta passagem é falado em poucos parágrafos sobre o combate ao tráfico de drogas no México.
Durante as investigações, ele se depara na rota de Enrico Colombo. Fica evidente para 007 que Colombo é de fato o traficante que procura mas o tempo lhe mostra que Kristatos é o responsável por tudo. No entanto, Colombo também não é um santinho. Ele é uma espécie de pirata que contrabandeia ouro, diamantes, cigarros e condenados foragidos da lei. 
Os contos "Risco" e "Quantum de Refrigério, juntos, formam a estória "Quantum of Solace", uma estorieta intimista. Já "Fator invisível" é uma trama de espionagem onde Bond combate espiões inimigos na França, levando - nos a supor que a última missão da SPECTRE em 1958 foi a invasão do Fort Knox em que os vilões usam táticas semelhantes à Rosa Klebb (Moscou Contra 007).
 Bond, ao investigar descobre um "aparelho" instalado em subsolo da floresta francesa e os ocupantes emergem do chão puxados por um elevador hidráulico. Um conto sem clímax. Já os contos "Raridade Hilderbrand" e "Somente para seus olhos" (que dá o título ao livro), servem como se fossem as memórias da vida particular de Bond.




Já o filme, adaptado para o cinema por Michael G Wilson e Richard Maumbaum, foi composto a partir dos contos "Risco" e "Somente Para Seus Olhos" foram a base para um grande quebra - cabeça em que as peças se encaixam perfeitamente.
A interação dos personagens de contos diferentes e até uma cena retirada de um outro livro. Mas nem tudo foi um mar de rosas na produção desse filme.
A começar pela aceitação do público que estava arriscada por conta do estrondoso sucesso da continuação do filme Star Wars que estava na moda e o medo de se repetir os erros de 007 Contra o Foguete da Morte.
Roger Moore já não estava mais tão satisfeito com Bond e exigia um pagamento melhor, a morte de Bernard Lee (o M) vítima de um câncer que pegou a equipe de surpresa.
Albert Broccolli não permitiu que o "M" fosse substituído e a justificativa da ausência no roteiro foi uma viagem do chefe do MI - 6, bem como outros fatores de logística que contribuíram para desconfianças.
Uma cena curiosa, logo na sequência pré créditos é Bond visitando o túmulo de sua falecida esposa Tracy, o que atesta que livros e filmes tem uma ordem diferente. Os livros são mais interligados do que os filmes, que à exceção da Era Craig, não há sequências diretas
No fim das contas tudo acabou dando certo.
James Bond sai à caça de uma arma que é o sonho de consumo do MI - 6, chamada A.T.A.C. inventada pelos ingleses, lembrando o Lektor de Moscou Contra 007. Bond não tem a tecnologia Q a seu serviço, depende mais do improviso e da própria inteligência..
Há a volta do agente duplo que neste caso é Ari Kristatos. Ao mesmo tempo em que tramava seus planos maléficos de se apoderar do A.T.A.C. faz com que Bond acredite que ele o está ajudando enquanto planeja e ordena que seus capangas executem o atentado contra os Havelocks.
O envolvimento com Melina, primeira Bond Girl totalmente independente que não cede de imediato aos encantos de 007. Sem se esquecer do aliado Colombo que todos pensam ser o  inimigo.
A questão polêmica fica com a tensão sensual protagonizada pela jovem patinadora Bibi, interpretada pela atriz e campeã de patinação artística Llyn Holly Johnson que tinha à época 23 anos e 007, representado por Roger Moore do alto de seus 55 anos. Um tabu já naquela época. 
já a curiosidade fica por conta de Cassandra Harris, que interpreta a Condessa Lisl. Ela foi casada na vida real com Pierce Brosnan que foi o 007 entre os anos 1995-2002.
Um filme que muitos consideram a volta ao coerente e ao Bond "pé no chão".


Eu retornarei em: Chantagem Atômica  

PS: Essa série de textos é dedicada à memória de Ian Fleming e também aos amigos Lucian e Rildon que me incentivaram a fazer essa experiência. Obrigada, amigos. Beijos.





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