Meu nome é Bond...James Bond - Capítulo 14 - Encontro em Berlim (1966 - livro póstumo)



Finalmente chegamos ao último capítulo da série Meu nome é Bond... James Bond que consiste em eu ler os livros de Ian Fleming na ordem em que as estórias foram escritas e, depois da leitura de um livro, assistir ao filme correspondente. Em seguida escrever um texto comparando as estórias dos livros com as dos filmes analisando algumas coisas sem exercitar minhas opiniões como fã do personagem. Voltaremos à esse assunto de todo processo adotado para a publicação dessa série de posts ao final desse texto. Isto posto, comecemos. 
O livro Encontro em Berlim tem uma particularidade que faz dele algo tão valioso e raro como um ovo Fabergè ou um violoncelo Stradivarius: ele foi escrito por Kingsley Amis. Bem, na verdade, ele é uma coletânea de três contos com a essência da escrita de Fleming. Não posso afirmar com certeza se o autor chegou a escrever um ou mais contos inteiramente ou de forma parcial. Se alguém souber com absoluta certeza deste fato, peço que me diga depois. Agradeço antecipadamente. 
Quando o livro foi lançado em todo o mundo, Ian Fleming já havia falecido e esta foi uma forma de homenagear e eternizar a obra de um escritor genial que fascina quem lê seus livros. 
O conto que abre o livro é "Propriedade de uma Senhora" que conta a estória de um conhecedor em joias chamado Dr. Fanshawe que detectou a chegada da Esfera de Esmeralda à Londres, uma valiosa relíquia construída pelo joalheiro russo Carl Fabergè. 
Esta joia no formato de um ovo foi enviada aos cuidados de uma mulher chamada Maria Freudistein, funcionária do Serviço Secreto Britânico. 
Maria é suspeita de ser uma agente dupla que trabalha também para a KGB (Serviço de Inteligência Russo) e que a Esfera seria seu pagamento por serviços prestados. 
Em suas investigações, Bond conclui que a joia precisa ser leiloada para que Maria fique com o dinheiro.
No leilão também estará presente um agente da KGB encarregado de dar lances pela relíquia e garantir a compra. 
 Mesmo não sendo um conto tão empolgante, é o conto que eu mais gosto pois envolve algo que aprecio muito: joias. Uma estória que misture James Bond e um mistério envolvendo joias ou algo extremamente raro me fascina muito. 
O segundo conto, "James Bond Acusa", confronta Bond com seus dilemas morais internos. A missão dele é prender o Major Dexter Smyte, ex comandante do Serviço Secreto Britânico, acusado de matar o guia Hans Oberhausen (ex instrutor de esqui de 007).
Depois de terminada a guerra, Oberhausen é obrigado a levá - lo a um lugar no Tirol, um esconderijo usado por soldados nazistas para esconder barras de ouro. 
Após assassinar Dexter, Oberhausen apodera - se do ouro e passa a viver confortávelmente na Jamaica. Anos mais tarde, surgem as provas do crime. Bond sai à caça do criminoso e, apesar de ter motivos pessoais para se vingar (considera Oberhausen um pai para ele), um sentimento de compaixão o invade e ele permite que Dexter saia da situação honrosamente. Isto tem um significado sombrio oculto que acaba isentando o vilão. 
Após ser visto com 007, ele aparece morto por um peixe escorpião enquanto alimenta seu animal de estimação, Octopussy: um polvo que habita a faixa d´ água próxima à casa dele. 
O terceiro conto, que dá título à versão em português do livro, "Encontro em Berlim", uma parábola que lembra "Somente para seus Olhos", discute o lado matador de James Bond. 
No início do conto, 007 é encarregado de fazer tocaia num atirador da KGB com o sugestivo apelido de Gatilho, escalado para eliminar o agente britânico 272 assim que ele atravessar a fronteira alemã. oriental para trazer segredos atômicos. Ele está armado com um rifle superescope e subordinado à Paul Sender, responsável pelo setor de B.O. do Serviço Secreto Britânico. 
Bond fica escondido três dias em um apartamento na fronteira de Berlim. Aproveita para passear pela cidade e ler romances policiais baratos enquanto espera para agir. 
Também aproveita para "paquerar" uma bela violinista pela mira de seu telescópio. A violinista parece ser membro de uma orquestra feminina . 
Com essa distração, 007 passa a desinteressar - se da missão. 272 consegue fazer a travessia e Bond detecta o atirador da KGB na janela do prédio nas proximidades. Só que a pessoa não é o atirador mas sim a violinista que Bond vinha observando. 
Nos últimos dias porém, Bond julga - se incapaz de matar a moça. Ele alveja a coronha do rifle e inutiliza a mão de Gatilho. Com essa ação, 272 pode chegar seguro à Berlim. 
Uma curiosidade neste conto é que James Bond fica isento de qualquer responsabilidade com tudo que ocorre. 
Sobre os filmes, sim, os filmes, porque os três contos do livro se fundiram em dois filmes: Octopussy e Marcado para a Morte. Ambos totalmente roteirizados por Richard Maibaum e Michael G. Wilson. 
Fidelíssimos aos contos, os filmes abordam de maneira perfeita cada trama.
A curiosidade vinda de Octopussy foi que em 1983, havia também um filme não oficial feito por Sean Connery já em idade avançada, "Nunca Mais Outra Vez", uma tentativa de refilmar Chantagem Atômica. Além de não fazer sucesso, este filme foi alvo de briga na justiça pelo espólio de Ian Fleming e os roteiristas do filme. Já a curiosidade vinda de Marcado para a Morte se dá por conta do ator Timothy Dalton. Um ator shakespeariano de teatro que aproximou a linguagem do cinema à linguagem literária. Dizem que o Bond de Dalton é o perfil imaginado por Ian Fleming quando ele escreveu os livros. Talvez a isso deva - se o fato de Dalton só ter feito dois filmes pois sua linguagem interpretativa não empolgou tanto o público. 
Falando agora sobre escrever essa série de textos, eu me permiti fazer essa viagem bem relaxada, sem o compromisso de prazos. A ideia surgiu depois de uma conversa no grupo de Whats App destinado à fãs brasileiros de 007 em que meus amigos Lucian e Rildon aconselharam a leitura dos livros de Bond na ordem. Nunca tinha feito isso, embora tenha lido várias vezes. 
Isso me fez conhecer ainda mais Ian Fleming e seu estilo, James Bond como foi criado. É como disse várias vezes um grande amigo: "Se você quer conhecer James Bond de verdade, leia os livros". E, digo mais, vale a pena se estiver curioso sobre o assunto, se quer começar. Se dê uma chance e você verá o quanto é divertido e gratificante, tão gratificante quanto os capítulos especiais que escrevi para estimular pessoas a ler (por isso, cada texto era acompanhado de uma foto onde eu estou lendo em lugares aleatórios), tirar algo de positivo e trazer conhecimento sobre esse personagem tão fascinante. 
Termino agradecendo à todos por me acompanharem nesta jornada. Agradecendo principalmente à Deus por concluir essa série de textos e à Ian Fleming, onde quer que ele eteja pois sem seus livros, nada do que fiz teria sentido.

Eu retornarei. Um dia...






PS: Essa série de textos é dedicada à memória de Ian Fleming e também aos amigos Lucian e Rildon que me incentivaram a fazer essa experiência. Obrigada, amigos. Beijos.










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