Carta para Mazzaropi



Querido Mazzaropi,

É com um pouco de tristeza que lhe escrevo estas palavras. Tristeza por saber que você já não está mais entre nós. Deus quis te levar antes que eu pudesse ter conhecido você em vida e seu maravilhoso trabalho.
Quis o destino que eu fosse ainda muito pequena para entender suas idéias e as mensagens passadas nos últimos filmes de sua carreira.
Minha teimosia no entanto, não deixou que, de certa forma o destino impedisse que eu te conhecesse. Um dia comprei uma revista e li uma reportagem que fizeram a seu respeito.
Após isso, fui à uma locadora de vídeos atrás de um dos seus filmes, aluguei “O JECA MACUMBEIRO” (1970), assisti com bastante atenção.
Dentro de mim, nasceu uma admiração muito especial. Eu não entendia como eu poderia admirar alguém que nunca vi. Mas aceitei esse sentimento e hoje em dia convivo com ele e aceito, apesar das pessoas questionarem o porque de mim te admirar.
Não me contentando em ver um só filme, resolvi que queria assistir a um outro. Novamente na locadora, escolhi o filme “O CORINTHIANO”(1966), que aluguei por mais de uma vez (três, para ser exata). Esse filme marcou minha vida pois nele aprendi o verdadeiro sentido do que é realmente amar o Corinthians, seu personagem, Seu Mané, foi o exemplo de Corinthiano que eu, como também Corinthiana, tive para seguir.
Depois, eu gravei 15 de seus 34 filmes que passou na TV Gazeta aos domingos entre 20/11/94 e 01/02/95. E também gravei o filme “O CORINTHIANO”, que se tornou meu filme preferido. Fiquei feliz em saber, querido “Mazza”, através do apresentador André Luíz de Toledo, que introduzia seus filmes na TV, da paixão que você sentia pelo Corinthians, não só dentro como fora das telas.
Fui a seu Hotel Fazenda na mesma época visitar o museu em sua homenagem mas não tive sucesso. O museu estava fechado para o público. Vi apenas um pequeno stand com poucas coisas suas, mas de nada valeu para a minha pesquisa. As fotos são poucas e quase não têm nada a acrescentar ao que eu já sabia.
Me diverti muito. Mas ainda queria visitar seu museu.
Há dez anos, minha tia me deu de presente de aniversário três dias em seu hotel. Sempre soube que não iria te encontrar mas fiquei feliz em visitar o lugar que um dia você construiu. Voltei lá mais duas vezes, em 2001 e em 2003, quando fui até homenageada pela Câmara Municipal de Taubaté por gostar de você, numa linda cerimônia junto com outros fãs no dia de seu aniversário O diploma está emoldurado em lugar de destaque na minha casa. Fui ao seu túmulo em Pindamonhangaba e nunca pensei que seria tão doloroso estar tão perto e tão longe de você. ,,




Conheci seus amigos João Restiffe e Augusto César Ribeiro que foram sempre carinhosos e maravilhosos comigo. Mesmo assim senti sua falta. Por onde eu passava dava a impressão de que ia te encontrar. Mas não ia. Nosso encontro ficará para uma outra oportunidade, para quando Deus quiser. Até um dia, descanse em paz.

PS: Esta carta-texto está guardada no arquivo de correspondências e homenagens à Mazzaropi no “MUSEU MAZZAROPI”, em Taubaté-SP desde o dia 01/05/99, para ser publicada neste blog passou por adaptações de atualização. Data original da carta: São Paulo 20 de abril de 1999 16:02:16



Observações.: Algumas informações do texto estão incorretas. Mazzaropi fez 32 filmes e não 34. O filme “NADANDO EM DINHEIRO” foi produzido em 1953 e não em 1952. Os filmes “O JECA MACUMBEIRO” e “JECÃO, UM FOFOQUEIRO NO CÉU” foram produzidos em 1974 e 1977 e não em 1972 e 1970 respectivamente, de acordo com informações da jornalista e historiadora Rosimeire dos Reis, responsável pelo “Museu Mazzaropi ”.



















































Comentários

  1. Mazzaropi foi um grande artista. Saudades dele

    ResponderExcluir
  2. Que bela lembrança, querida Miss Bond...
    Mazzaropi é inesquecível.

    Beigiunhos!
    P.S.: thanks pelo comentário carinhoso!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Deixem sua opinião aqui. Ela será lida e respeitada